10/05/2021 - 13h45min
A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) completou, em abril, 50 anos de “vida”. Criada em plena ditadura militar, onde imperava o desenvolvimento econômico baseado em matrizes de produção extremamente poluidoras, chegou promovendo um audacioso e importante embate político e de resistência democrática. Foi um histórico divisor de águas!
No vácuo da Agapan, inúmeros movimentos ligados à natureza foram surgindo e fortalecendo a causa. Em Guaíba, em 1972, foi criada a Associação Comunitária Amigos da Natureza (ACAN), tendo como principais debates a preservação do Morro da Hidráulica, a arborização, assim como aquela batalha com a Borregaard. Aliás, a vizinhança da antiga fábrica, tem vivido momentos retrô, “matando” a saudade do perfuminho ao “estilo norueguês”.
Voltando à pauta, destaco que o Brasil, até 1992, era visto como sem preocupação com o meio ambiente. Mas, por outro lado, tínhamos uma diplomacia respeitada e consistente. A nossa imagem, no quesito ambiental, começou a mudar na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - a Cúpula da Terra (Rio 92). O sucesso do evento, com uma extraordinária participação social, assim como o nosso protagonismo de apresentar propostas e compromissos internacionais, mostrou para o mundo que estávamos engajados em “salvar” a nossa casa comum - Gaia. A partir de então, passamos a ser vistos como uma liderança ambiental positiva.
Três décadas após a RIO 92, destruímos tudo que conquistamos. Nossa diplomacia está desacreditada, nos tornamos um pária na agenda global e, na área ambiental, perdemos liderança e credibilidade. Ricardo Salles, cumprindo “ordens”, nos transformou num dos maiores vilões das mudanças climáticas.
A imagem negativa construída, nesses poucos meses do bolsonarismo, ficou escancarada na Cúpula de Líderes sobre as mudanças climáticas, nos Estados Unidos, em abril passado. A imprensa internacional e os estudiosos no assunto foram unânimes em afirmar que o presidente Jair Bolsonaro, o negacionista que ameaçou tirar o Brasil do Acordo de Paris, fez um discurso cheio de bravatas - nada fora do “” – e completamente descolado da realidade da gestão na “pátria amada”. A maioria das lideranças permanecem profundamente céticas e preocupadas sobre os propósitos do seu governo.
Como resultado dessas inconsequentes atitudes, o Bloco Europeu, os Estados Unidos e outras nações parceiras comerciais estão sinalizando restrições preocupantes para a economia nacional. No agronegócio e no setor industrial, só os dilapidadores dos recursos naturais aplaudem a transloucada política ambiental. Os empreendedores que trabalham sério estão preocupados com a possibilidade de perda da sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Por fim, volto a insistir que meio ambiente não é problema: é solução!
“Está claro que a espécie humana não poderá continuar por muito tempo com sua cegueira ambiental e com sua falta de escrúpulos na exploração da natureza”. (José Antônio Lutzenberger).
Túlio Carvalho
Publicado em 07/5/21.
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