08/03/2021 - 09h56min
Perspectiva, iniciando sua caminhada rumo à segunda década, propõe uma reflexão sobre ética e moral, ancorada na maior crise sanitária dessa geração. Nesse debate, destacamos uma realidade aterradora: A pandemia liberou a face sórdida de alguns “humanos” que estava adormecida, camuflada, oprimida, aflorando, da escória, uma “massa” cruel de semelhantes.
A COVID-19, desnudou o lado obscuro de algumas “almas”, que, por sua vez, promoveram um pandemônio de imoralidades. Ao sustentarem falácias e nutrirem desinformações, travestiram lorotas em verdades, crenças em fatos e empatia em ódio. Isso foi determinante para aprofundar o caos social.
Entrando ao tema proposto, melhor esclarecendo a pauta, agrego uma conceituação. É comum pensarmos que ética e moral são sinônimos, entretanto, ética e moral são diferentes entre si, tanto no significado quanto na origem etimológica das palavras. Ética, do grego ethos, tem o significado de morada, refúgio e está ligada ao modo de ser, caráter, natureza e índole. Já a moral tem origem no termo latino morales que significa relativo aos costumes. A ética é ligada ao indivíduo, enquanto a moral tem relação com a sociedade.
Sintetizando, podemos dizer que a ética é reflexão, é permanente, o princípio, a regra e a teoria. A moral é a ação, a conduta, a cultura, a prática e é temporal. Os conceitos de ética e moral têm finalidades semelhantes: construir bases e guias para a conduta do indivíduo, comportamento no meio social em que vive, construção do caráter e virtudes. Essenciais para a vida comunitária.
Nesse contexto, numa imensa lista, destaco duas pelo alto grau de perversão: “o fura fila” e a “vacina de vento”. Uma pergunta se ergue dessa lama: Por qual ralo se esvaiu a ética e a moral dessas pessoas? O que alimenta esse comportamento criminoso de indivíduos que se descolaram dos referenciais de identificação do coletivo, consagrando uma visão de mundo em si mesmos? Lembro um pensamento de Aristóteles: “Os homens são bons de um modo apenas, porém são maus de muitos modos”. (Ética a Nicômaco).
É preocupante observar a letargia de grande parte da população, que sucumbe a mecanismos psíquicos, inconscientes, de cegueira e negação da realidade. A vacina é o caminho mais curto para a defesa da “vida”. A mais eficiente saída para conter as mortes e um maior desastre econômico. É fundamental o papel da cidadania na retomada da defesa da sociedade contra essa onda negacionista. É nosso dever ético e moral reagir à barbárie!
Por fim, procurando alguma razão que explique o incremento dessa ralé humana, trago uma manifestação do historiador Achille Mbembe: “Outro longo e mortal jogo começou. O principal choque da primeira metade do século XXI não será entre religiões ou civilizações, será entre a democracia liberal e o capitalismo neoliberal, entre o governo do povo e o governo das finanças, entre o humanismo e o niilismo”. Segundo esse cientista político, a crescente bifurcação entre a democracia e o capital é a nova ameaça para a civilização.
“A moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade.” (Friedrich Nietzsche). VACINA JÁ
Túlio Carvalho
Publicado em 5/3/21.
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