17/05/2021 - 15h38min
A Câmara de Vereadores é a Casa dos grandes debates sobre as questões municipais; pelo menos deveria. Mas não raro o tema principal é abafado pelo teatro partidário. Foi o que aconteceu na sessão da Câmara Municipal de Guaíba na terça-feira, 4, quando a vice-prefeita e secretária de Educação Cláudia Jardim se manifestou na Tribuna. Vamos lá!
O Sindicato dos Professores e a SME travam uma batalha em relação à reposição inflacionária dos salários, que o Governo nega em repassar no momento, considerando a Lei Complementar 173, que define sobre gastos com pessoal neste ano. Além disso, os professores pedem que a Prefeitura pague o Piso Nacional do Magistério, uma promessa de campanha ratificada aos quatro ventos.
Na semana passada, o presidente do SPMG, Pablo Gomes, foi à Câmara para reivindicar direitos e cumprimento de promessas. Essa semana, foi a vez da secretária fazer o contraponto. Até aí, tudo dentro do roteiro original, não fosse o teatro partidário que descambou pra bazófia.
A secretária levou torcida. Secretários, diretores municipais e assessores (CCs) foram apoiar; teve aplausos e uhuuu, além de aglomeração, o que não pode, de acordo com decreto municipal.
O Sindicato colocou um carro de som com as falas dos então candidatos Maranata e Cláudia Jardim, prometendo pagar o Piso do Magistério durante a campanha eleitoral do ano passado. O carro de som ficou passando em frente ao prédio da Câmara durante a sessão.
A secretária explicou que estava impedida de conceder a reposição inflacionária devido à LC 173. Acostumada com a Tribuna da Casa, de onde fazia cobranças e críticas inflamadas durante seu mandato como vereadora, Cláudia Jardim levou um retrovisor gigante para se defender dos ataques, acusando o governo anterior por todas as falhas vigentes na Aldeia. Lá pelas tantas, a secretária confundiu seu cargo atual com o de vereadora, que não é mais, e avançou na arrogância.
Os vereadores da base, bem treinados, faziam perguntas, abrindo espaço para a secretária ganhar pontos. Do outro lado, os vereadores de oposição, também treinados, cobravam ações com base nas promessas da candidata e nas críticas da então vereadora.
Em meio ao embate retórico, dois momentos cômicos. O primeiro, durante um elogio postiço da secretária à diretoria do Sindicato que estava presente, eis que passa o carro de som com a cobrança sonora invadindo o recinto: “Não paga o piso!”.
O segundo momento cômico foi com o Vereador Caldas (PT). Ele participava, de casa, da sessão e sua imagem aparecia em destaque no telão do Plenário. Dava a impressão de que o parlamentar acompanhava tudo atentamente. Quando chegou a sua vez de perguntar, ele revelou que o som estava ruim e não conseguia escutar direito. Alô! Sou eu? E, por conta da falha técnica, Caldas fez um estardalhaço oco. Por ser sindicalista e membro da base governista, com CCs na Prefeitura e tudo, o vereador pareceu constrangido com a situação. Fez discurso pregando o diálogo na linha do nem sim, nem não, muito antes pelo contrário. Avançou bastante no tempo determinado para as manifestações e concluiu sem fazer pergunta alguma. Foi possível escutar o presidente da Casa, vereador João Collares, comentar: “Ele não perguntou”.
No final, os CCs aglomerados gritaram uhuuu e aplaudiram entusiasmados.
Escolas Públicas Sem Aulas
Essa semana, eu conversei com professores de escolas públicas, tanto da Rede Municipal quanto da Estadual. Em conversas informais, sem expor nomes, confirmei o que já desconfiava: os alunos das escolas públicas não estão tendo aulas desde 2020.
Se compararmos o sistema atual de aulas remotas (à distância) e síncronas (que ocorre ao vivo por meio de tecnologia) com o presencial original, fica claro o faz de conta em tela.
De acordo com os professores com quem conversei, desconsiderando questões partidárias ou sindicais, soube que a evasão escolar é absurda; o percentual varia de escola para escola, mas em média deve ficar em 50%. Dos que assistem as aulas, entre 40 minutos e uma hora por dia, muitos participam de maneira parcial, porque o acesso à internet é fraco ou os equipamentos de que dispõem são defasados, além da necessidade de dividir o mesmo celular com irmãos. É muito triste quando se olha a realidade atrás dos discursos formais das autoridades, afirmando que as aulas seguem de forma remota.
Sei que se trata de questão especial em função da pandemia e que há esforço para contornar o problema, mas a verdade é que, enquanto não vacinarem os professores e funcionários de escolas para que o sistema de ensino volte ao normal, com aulas presenciais, seguirá o faz de conta e, consequentemente, se agravará o perigoso afastamento de crianças e jovens da escola.
A maioria das instituições privadas mantém um sistema remoto relativamente eficaz, o que amplia a desigualdade entre classes sociais.
Vacinado no Coelhão Vazio
Na terça-feira, dia 4 de maio, recebi a primeira dose da vacina AstraZeneca (Fiocruz) contra a Covid-19. Fui cedo no Coelhão para pegar ficha. Cheguei às 5h20 e havia cerca de vinte pessoas na fila. Peguei a ficha de número 16 e voltei para receber a dose às 11h30. Apenas eu estava no Ginásio para ser vacinado. Um cenário completamente diferente do que estamos acostumados a assistir na TV.
Ao pesquisar o motivo de haver poucas pessoas se vacinando, descobri que muita gente tem medo da vacina AstraZeneca, da Fiocruz, considerando efeitos colaterais.
Tive uma leve dor no braço e também um leve desconforto muscular por um dia, nada de mais, comparando com os efeitos da Covid-19. No dia 27 de julho, deverei receber a segunda dose, mas já estou protegido.
Leandro André
Publicado em 07/5/21.
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